Autores: Allan Martino
Anna Juni
Eduardo Chagas (SEIVA)
Julia De Andrade Reis
Lucas Gaspar Bueno
Lucas Daniel Ferreira
Proposta para reforma do Parque do Mirante, localizado na cidade de Piracicaba/SP.
A localização do Parque do Mirante no contexto da cidade de Piracicaba revela bastante sobre seu potencial de integração dentro do circuito turístico e cultural do município. A implantação a beira do rio Piracicaba permite identificar sua importância na história da cidade como um local de lazer e contemplação da paisagem natural, conformando, junto com o Parque do Engenho, parte significativa do patrimônio históricoda cidade. A recente incorporação de atividades ecológicas ao parque (Aquário Municipal e Núcleo de Educação Ambiental – NEA) indica a preocupação que a cidade vem demonstrando em relação a seu patrimônio natural – um dos pivôs do plano diretor em desenvolvimento. Identificadas as características principais do Parque do Mirante, propõe-se um projeto que potencialize seus aspectos turístico, cultural, ambiental e pedagógico. Através de intervenções pontuais, novas camadas se sobrepõem ao parque, de maneira a respeitar as condicionantes naturais do sítio, bem como as restrições exigidas pelos órgãos de tombamento. Um dos objetivos que fundamentam o projeto é a ativação das bordas do parque e a criação de eventos que atraiam as pessoas para o seu interior. Entende-se que um uso de maior intensidade nos pontos que conectam o Mirante com seu entorno - tanto o rio como as ruas residenciais nas cotas mais altas - é um fator importante para prolongar o tempo de permanência dos usuários no parque. Para isso, o projeto se estrutura em três eixos principais de desenvolvimento - longitudinal, transversal e vertical – que se conectam e definem a proposta de intervenção.
EIXO LONGITUDINAL : COMÉRCIO RUA MAURICE ALLAIN
Propõe-se a transformação da rua Dr. Maurice Allain em um eixo comercial e de lazer, onde o automóvel trafega em baixa velocidade ao lado da ciclovia, liberando dez metros de passeio para os pedestres. As unidades comerciais - lojas, bares, quiosques - e de apoio ao parque - sanitários, vestiários, bicicletários, apoio ao NEA, informações turísticas -, foram implantadas em um grid de modulação de 3m, entre as clareiras de massa arbórea, de modo a respeitar ao máximo a vegetação existente. Ao longo da rua, as unidades foram complementadas por escadas e arquibancadas que conectam o eixo à Rua Maria Maneiro. A cobertura que nela se encontra centralizada serve de abrigo àqueles que ali transitam e, em sua parte superior, conforma um espaço de convivência de menor escala, voltado aos moradores do bairro, com pequenos módulos onde é possível plantar hortaliças - atividade já recorrente no local.
EIXO VERTICAL : EVENTO E ACESSIBILIDADE
O eixo vertical apresenta-se como principal elemento de identificação visual do parque para a vista de quem encontra-se na outra margem do rio. Em contraposição à estaticidade dos mirantes existentes, o novo elemento desloca - se verticalmente pela fachada alcançando novas visuais. Este evento fora localizado centralmente de forma estratégica com o intuito de atrair as pessoas para o interior do parque. A plataforma com três metros e vinte de diâmetro, aberta e mais espaçosa que um elevador convencional, também garante a acessibilidade, pois conecta os níveis existentes e organiza seus fluxos a partir de passarelas que atravessam a massa arbórea do parque. Sua estrutura metálica é composta de dois círculos concêntricos travados entre si e sustentados por quatro pilares. O primeiro círculo estrutura a plataforma enquanto no segundo estão engastadas as passarelas garantindo assim a estabilidade do conjunto.
APROPRIAÇÃO DAS PRÉ EXISTÊNCIAS
O projeto prevê algumas intervenções pontuais nos equipamentos existentes respeitando suas características originais . Na entrada do parque foram mantidos a marquise e o espelho d’água que recepcionam os visitantes, sendo remodelado apenas a área infantil com novos brinquedos que integram-se melhor ao espaço e a topografia existente como, por exemplo, os escorregadores no talude. Ao descer as escadas, avista-se um generoso largo no mirante 02, que antes estava ensimesmado e segregado do restante do parque. Com a sua abertura, valorizou-se o mural da artista plástica piracicabana Clemência Pizzigatti. Sob o mirante, o aquário também foi ampliado com a adição de um novo percurso sobre o salto que o interliga ao novo café localizado abaixo do edifício do Núcleo de Educação Ambiental (NEA) que possui uma das mais belas vistas do rio e que infelizmente hoje encontra-se obsoleto.
ÁGUA : JARDIM FILTRANTE, COMPORTAS E RECREAÇÃO
Com o objetivo de estimular o papel pedagógico do parque, em consonância com as atividades educadoras do NEA, propõe-se a criação de um jardim filtrante ao longo do curso d’água desviado do rio Piracicaba. Trata-se de um processo de fitorremediação no qual plantas macrófitas aquáticas fazem a filtragem da água através de suas raízes. O processo se inicia no mirante 01 do parque e se estende até sua divisa com o Parque do Engenho, onde estão as comportas utilizadas antigamente para o armazenamento de água da usina de açúcar. Lá ela termina de ser filtrada e é armazenada para depois ser utilizada na piscina natural e equipamentos dos espaços de recreação do parque.
CONEXÃO COM O PARQUE DO ENGENHO
A proposta de conexão entre o Parque do Mirante e o Parque do Engenho busca utilizar os lementos da extinta usina de açúcar de Piracicaba para transformar seus usos e preservar sua memória, ao mesmo tempo em que se estende as atividades do parque até seu limite. Dessa maneira, além das comportas já mencionadas, o antigo túnel de aeração e filtragem e a chaminé tornam-se espaços expositivos do complexo cultural do parque do Engenho e do Mirante, reconfigurando o acesso ao conjunto tombado.